CICATRIZES

Toda formação rochosa deixa marcas de seu crescimento em sua estrutura, seja através um veio criado por uma sedimentação ou uma variação de cor derivada da junção de diferentes elementos. Similarmente, a pele humana carrega em sua superfície as cicatrizes das suas vivências, vestígios eternos de momentos efêmeros. 

Na série, Renata Vale mergulha na história que as camadas nos contam, revelando detalhes das cores e texturas e o que essas particularidades dizem sobre nós mesmos, exibindo paisagens distintas a partir da aproximação física e imagética com a primeira face das rochas. A artista faz um paralelo entre a natureza e o humano ao exibir os sinais que a passagem do tempo eterniza no ambiente e no corpo. 

Para aprofundar mais as questões levantadas na série, Cicatrizes é subdividida em quatro segmentos: 

Corrosão
Focada nas texturas encontradas, Corrosão revela a aspereza da superfície das formações rochosas revelam as fendas criadas pela história, junto às vívidas cores que se agregam por conta da vegetação. 

Tempo 
A coloração natural das rochas se apresentam como pinturas que se modificam conforme a ação da natureza, assim como as fendas e vãos que tornam-se cada vez mais profundos. Tempo fala sobre passagem e permanência. 

Breve 
Todo grão de areia já fez parte de uma rocha, o desgaste provocado pelas as intempéries é o que faz com que essas partículas existam, desprendendo-as da estaticidade de uma formação rochosa. Breve retrata o efêmero. 

Memórias 
Toda memória é formada pela permanência de uma parte de algum acontecimento, uma fração de vida que faz morada na mente. As imagens mostram as marcas do que ficou, como cortes reluzindo em tons quentes na branca imensidão.